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“Como a abelha que colhe o mel de diversas flores, a pessoa sábia aceita a essência das diversas crenças e vê somente o bem em todas as religiões”

11 de jul. de 2011

A Bíblia é o livro que mais une e separa os cristãos


 Não é cristão quem pensa que só sua crença salva, pois atrás disso estão o egoísmo e o orgulho.

Todas as religiões são iguais na sua essência, pois o seu fundamento é o amor a Deus e ao próximo. João Evangelista afirma que quem diz que ama a Deus, mas odeia seu semelhante, é mentiroso (1João 4:20). Paulo nos recomenda que não nos consideremos melhores do que os outros (Romanos 3:9). E Jesus nos ensina que não devemos condenar ninguém. Disso se conclui que o amor a Deus e ao próximo é mais importante do que crer em uma doutrina. Mas para muitos cristãos é o contrário.

A coragem de alguém dizer que não aceita determinada doutrina pode identificá-lo como um verdadeiro seguidor da verdade e, pois, do Nazareno, que valoriza muito a sinceridade e condena veementemente a hipocrisia. Aos fariseus hipócritas Ele chamou de sepulcros caiados, dizendo-lhes que as prostitutas os precederiam no reino dos céus. É por isso que eu considero mais cristão aquele que diz publicamente que não crê em um dogma do que aquele que confessa crer, mas apenas por conveniência ou medo de dizer o contrário.

A Bíblia é o livro que mais une e separa os cristãos. E as separações se devem principalmente às suas interpretações abusivas, ora literais, ora alegóricas.

A maioria dos textos bíblicos é simbólica. Jesus disse à mulher samaritana, à beira do poço de Jacó, que lhe daria uma água viva, e que ela não teria mais sede. Essa água é simbólica, não sendo, pois, H2O. De outra feita, Ele afirmou que era o pão da vida que desceu do céu. Mas Ele não é pão comprado na padaria. E Ele disse, na sua última ceia com os seus apóstolos, que o pão que eles comiam e o vinho que bebiam eram seu corpo e seu sangue. Por que a interpretação dessa passagem bíblica tem que ser literal, se, como vimos, muitas questões bíblicas são simbólicas? Isso separa os protestantes, espíritas e evangélicos dos católicos. E, se a missa é a repetição do sacrifício incruento (simbólico, sem sangue) do calvário, como o vinho pode se transformar no sangue real de Jesus? Li de um teólogo que os padres são mais importantes do que Nossa Senhora e os anjos, por eles terem o poder de transformar o pão e o vinho no corpo e sangue de Jesus. Com todo o respeito, não seria essa vaidade dos sacerdotes a causa da exaltação com que muitos deles defendem o dogma da transubstanciação? E como muitos deles dizem que Jesus é também Deus, então os padres criariam Deus nos altares, diariamente, e quando sabemos que Deus é incriado?

É surpreendente a teimosia de muitos líderes religiosos na defesa dos erros teológicos do passado, o que é responsável pelas divisões, cada vez mais numerosas, entre os cristãos. Ademais, ao longo dos séculos, infelizmente, a Bíblia se tornou um dos livros mais falsificados que existem. E ainda há os que, ingenuamente, querem vê-la como sendo, literalmente, a palavra de Deus, na qual se deve crer, pois, segundo eles, cegamente.

Discordemos de doutrinas religiosas, mas respeitemo-las todas, mesmo as absurdas, e principalmente, não anatematizemos ninguém, pois só assim, podemos ser religiosos de verdade!


PS
1) Recomendo o livro "Parábolas de Jesus", do juiz Haroldo Dutra Dias, tradutor de "O Novo Testamento".

Obs.: Esta coluna, de José Reis Chavez, às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO, pode ser lida também no site http://www.otempo.com.br/. Ela está liberada para publicações. José Reis Chavez é autor dos livros “A Face Oculta das Religiões”, “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP) e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) – http://www.literarium.com.br/. e-mail: jreischaves@gmail.com

Os livros de José Reis Chaves podem ser adquiridos também pelo e-mail: contato@editorachicoxavier.com.br e o telefone: 0800-283-7147.

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